1. Introdução |
Tendo em vista o desenvolvimento do processo de reformulação curricular, o Instituto de Administração do Rio de Janeiro – IARJ – realiza, desde março de 2004, diversos encontros pedagógicos, técnicos e corporativos, com a finalidade de construir uma proposta pedagógica para a Instituição. |
O movimento coletivo que provocou reflexões na comunidade educativa do IARJ, com a apoio do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro referendou, para a concepção curricular, uma visão de homem, de sociedade (mundo) e de educação. Os grupos de trabalho, na parceria IARJ e CRA-RJ, representados por professores de áreas e de cursos conceberam a Educação “como um processo que liberta o homem, o faz sujeito de sua própria aprendizagem e produtor de conhecimento a partir de suas próprias experiências a valores (humanos, políticos, sociais, éticos e culturais)”. |
A partir desta concepção de Educação, o currículo foi compreendido como um processo que privilegia a formação do homem em sua totalidade, de forma crítica, reflexiva e integrada no contexto sócio-político econômico e cultural, tornando esse homem um ser autônomo, empreendedor, capaz de atuar em uma sociedade em constantes transformações. |
As mudanças ocorridas na sociedade levam à necessidade de se buscar novas estratégias na organização, planejamento e desenvolvimento do ensino, com vistas a formar o cidadão para responder aos anseios sociais, de mercado e para viver melhor, com competência e criatividade, tendo como foco essa nova realidade, para compreender os fenômenos científicos e sociais que o cercam, para seja consciente e crítico das situações que se apresentem, possibilitando a formação do cidadão atual e do futuro. |
A visão de cidadão não se reduz àquele que conhece seus direitos e deveres enquanto consumidor. Refere-se à totalidade do ser humano nas suas dimensões estética, ética, a política e profissional. A cidadania, sob o ponto de vista da estética, diz respeito à capacidade de conhecer a si mesmo e ao modo de ser dos outros, o que implica estar aberto à diversidade e à novidade. |
Já do ponto de vista ético, percebe-se a cidadania como consciência e atitude de respeito universal, expressa na solidariedade aos outros, na Responsabilidade Social. Com base na ética, o exercício da cidadania consiste na liberdade de criticar e exigir o cumprimento de normas. |
A visão da cidadania, do ponto de vista político, se traduz no reconhecimento dos direitos humanos e na busca de igualdade de acesso aos bens naturais e culturais, em prol da sociedade mais justa e democrática. |
A formação para a cidadania, além de possibilitar ao aluno se desenvolver e continuar sempre aprendendo, propiciará a fundamentação necessária para compreender como se dão os processos e os princípios científicos e tecnológicos que sustentam a produção moderna. |
Por fim, vale dizer que o homem não vive sem o seu trabalho e, para tanto, é preciso também perceber as forças de mercado que o IARJ terá como função precípua possibilitar como desenvolvimento de competências e habilidades para a vida em sociedade, oferecer instrumentos de compreensão da realidade, para que seus alunos possam intervir e contribuir positivamente à transformação social. |
O IARJ, na construção de sua proposta pedagógica para o Ensino da Educação Acadêmica, buscou atender às expectativas da comunidade, às diretrizes definidas pelo MEC, SESU, CNE, inserindo os conhecimentos, competências e habilidades da formação superior especializada, mas também polivalente, que constituirão meios para consolidar a formação global dos alunos e não um fim em si mesma. |
Desta forma, poderá contribuir para o desenvolvimento de uma compreensão crítica e dinâmica do mundo, na medida em que os conteúdos recebem diferentes significados, considerando o ponto de vista das diferentes ciências numa visão interdisciplinar e transdisciplinar na sua forma de aplicação. |
2. Justificativa |
O IARJ conseguiu ao longo de sua história, apesar de breve como instituto de ensino e educação acadêmica, corporativa e de pesquisa, construir identidade de instituição dedicada à formação de qualidade de jovens e adultos, com foco na gestão, construindo sua expertise, sempre em função das características do meio social e do público-alvo de seus produtos educacionais, em consonância com o crescimento econômico e com o desenvolvimento tecnológico do Estado do Rio de Janeiro. |
Em 1996, com a LDB, o Governo Federal iniciou o processo de reforma da educação em todo Brasil, tendo como um dos seus pontos básicos a separação formal entre Ensino Médio a Educação Profissional, conforme regulamentação do Decreto 2208/97. |
Para o IARJ esta nova realidade provocou a necessidade de se construir um projeto pedagógico que contemplasse as mudanças no ensino e seu vínculo com o entorno. |
A interpretação da Lei 9394/96, no que se refere ao Ensino Superior, em nível de Pós-graduação lato sensu, considerando o conjunto das disposições aprovadas, indica a necessidade de se construir em novas alternativas de organização curricular, que superem os paradigmas organizacionais predominantes no cenário educacional e que sejam de um lado comprometidas com o novo significado do trabalho no contexto da globalização e, de outro, com o sujeito ativo, a pessoa humana que se apropriará dos conhecimentos para se aprimorar, no mundo do trabalho e na prática social. Nesta nova organização curricular, busca-se o desenvolvimento das competências abaixo, conforme os princípios da educação, segundo a Unesco: |
- O aprender a aprender, colocada como competência fundamental para inserção numa dinâmica social que se reestrutura continuamente. A perspectiva é, pois, de uma aprendizagem permanente, de uma formação continuada, tendo em vista a construção da cidadania e do viver melhor; |
- O aprender a conhecer, fundamentado nas rápidas transformações causadas pelo processo científico, as novas formas de atividade econômica e social e a importância de uma educação geral suficientemente ampla, com possibilidade de aprofundamento em determinada área de conhecimento; |
- O aprender a fazer, para o desenvolvimento das aptidões que possibilitem enfrentar novas situações, privilegiando a aplicação da teoria na prática, de ações proativas; |
- O aprender a viver e o aprender a ser, decorrente da integração dessas competências e constituem ações permanentes que visem à formação do educando como pessoa humana, como trabalhador e como cidadão. |
O IARJ desenvolverá em seus alunos as competências citadas e, ainda, a flexibilidade, a capacidade de permanente adaptação, raciocínio lógico, habilidade de análise, prospecção e agilidade na tomada de decisões que estarão inseridas na nova estruturação curricular. |
3. Enfoques sobre Aprendizagem |
Os seres humanos são únicos e, social e historicamente, se tornaram capazes de aprender, não apenas para adaptação, mas, sobretudo, para transformar a realidade, para nela intervir, o que os eleva a um nível distinto dos outros animais. Os estudiosos polarizaram, por algum tempo, as formas de ensino: alguns em defesa de um ensino individualizado e outros a favor da abordagem socializada. |
Atualmente, os estudiosos da aprendizagem constataram a relação do estilo de aprendizagem com dominância cerebral. |
Os estudos demonstram não se adotar único método de ensino. Hoje cresce o entendimento de que as pessoas alcançam o aprendizado em processo complexo, que exige elaboração pessoal, respeito à diferença individual na aprendizagem. |
Assim, Cabe revelar que o ensino aprendizagem não se dá por simples acúmulo de informações, nem pela transmissão de noções empacotadas e como se fossem as últimas palavras. Dá se a aprendizagem pelo desenvolvimento das competências de se relacionar, comparar, inferir, pela estruturação mais compreensiva, coerente e aberta às complexidades das articulações entre dados, fatos, percepções e conceitos. Atualmente, com a intensa velocidade na mudança de conceitos, de novas descobertas, com o mundo dos computadores e suas avalanches de informações, não cabe mais a ênfase no ensino que privilegia o acúmulo de conhecimentos e que vê o aluno como receptor e reprodutor. |
O papel da escola em relação à aprendizagem é dar oportunidades ao aluno para construir modelos explicativos, argumentações e instrumentos de verificação de contradições, levando o a participar, questionar e oferecer soluções, a partir de situações desafiadoras e da ciência. |
Nesse sentido, são aceitas estratégias de ensino que estimulem o espírito de pesquisa, desenvolvimento da autoconfiança, responsabilidade, ampliem a autonomia e a capacidade de comunicação e argumentação. |
Destacamos alguns pressupostos fundamentais da pedagogia da autonomia: |
a. O educando não recebe conhecimentos, mas os recria: com esta frase se põe de lado a visão da mente humana como uma tábua rasa na qual se impregna algo. O entendimento de que se recria conhecimentos, pressupõe admitir a interação sujeito objeto. Não há como desenvolver o pensamento crítico apenas com a memorização de frases e idéias inertes, deixando de explorar a relação de um determinado assunto com a realidade que nos cerca. |
b. Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática: o aprendizado significativo se desenvolverá, a partir do universo vivencial comum dos alunos e professor e à medida que estabelecem uma aproximação cada vez maior da experiência social dos indivíduos com os saberes ditos escolares, que são mais abrangentes. |
A importância de provocar reflexões críticas inclusive sobre a própria pergunta promove, em lugar da passividade, uma postura proativa, em face das monótonas explicações discursivas do professor. Ensinar, portanto, exige permitir e incentivar a pergunta. |
4. Estrutura Curricular de cursos de pós e cursos de Educação Acadêmica e corporativa |
A estrutura curricular dos cursos de pós-graduação lato sensu do IARJ e demais cursos promove a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, superando a organização linear dos conteúdos por disciplinas e conhecimento enciclopédico, esvaziados de sentido. Para isso, são organizados nos termos da Resolução CES Resolução N° 1, de 8 de Junho de 2007 Conselho Nacional de Educação, em nível de pós. |
Em estrutura modular que obedece ao desenvolvimento de habilidades de certas competências, as matrizes curriculares são montadas, relacionando conteúdos, informações, habilidades, atitudes para realização de uma formação mais global, que promova o ato de empreender, por meio do estreito relacionamento da teoria com prática, com a contextualização dos vários saberes produzidos na relação ensino-aprendizagem. |
5. Metodologia |
O ensino contemporâneo apresenta excessiva “compartimentalização” do saber ao colocar as disciplinas como realidades estanques, sem interconexão, dificultando para os alunos a compreensão do conhecimento como um todo integrado e uma cosmovisão abrangente que lhes permita uma percepção totalizante da realidade. |
Urna das tentativas de superação dessa fragmentação é a proposta de se pensar um ensino interdisciplinar, ou seja, uma forma de se organizar o currículo escolar, de modo a propiciar uma integração entre as disciplinas, permitindo a construção de compreensão abrangente do saber historicamente produzido pela humanidade. A noção de interdisciplinaridade proporciona o trânsito entre vários compartimentos do saber, possibilitando uma integração recíproca de finalidades, objetivos, conceitos, conteúdos, procedimento, de forma a organizar e sistematizar o processo de construção desse saber. |
Na interdisciplinaridade, tornam-se necessárias as contribuições de diversas disciplinas, tendo como preocupação a formação do ser sujeito, o desenvolvimento da consciência crítica, a elaboração do saber que privilegie conteúdos abertos e possibilidades novas. Nessa direção, o processo de ensino aprendizagem evolui e atinge sucessivos momentos de sínteses que possibilitam ao aluno aprender a pensar sobre a realidade e a apreendê-la. |
Para se desenvolver uma ação interdisciplinar, é essencial ter clareza de princípios básicos que se colocam como referência para a prática desta ação. Entre esses princípios, um dos mais importantes é a ação coletiva voltada para a descoberta de: |
a) questões fundamentais a serem priorizadas; b) disciplinas que possam contribuir para se explorar essas questões com os alunos; c) como desenvolver uma interação que garanta a interface entre os conteúdos trabalhados, orientando os em direção aos fins pretendidos. |
Ao mesmo tempo, em realização de ações transdisciplinares, é preciso que o sujeito da ação da aprendizagem percebe as várias faces de um mesmo saber, percebendo como o conhecimento é multifacetado e plural. |
6. Avaliação |
“Avaliar é acompanhar a construção do conhecimento do aluno” (Jussara Hoffinan) |
Segundo a teoria piagetiana, o aluno é um sujeito que procura ativamente conhecer e compreender o mundo que o rodeia, que aprende por meio de suas próprias ações sobre os objetos do mundo e que constrói suas próprias categorias de pensamento, ao mesmo tempo, em que organiza o seu mundo. E ainda, que o conhecimento aparece sempre como uma aquisição interna, processada a partir de sucessivas e organizadas operações realizadas pelo educando. |
A função do professor consiste em provocar tais operações, estimular e impulsionar, participando das discussões que elas propiciam. Dessa forma, essas operações mobilizarão a ação da atenção, da concentração, da percepção e, ainda, estimularão constantemente os esquemas mentais que garantam a construção do conhecimento. |
Uma proposta educativa é referenciada por um projeto mais amplo de sociedade, na qual todos os homens tenham igualmente acesso ao saber historicamente construído pela humanidade e aos benefícios da cidadania a que tem direito. O IARJ tem a proposta, assim, definida de se utilizar da avaliação para analisar constantemente os avanços feitos e proceder as correções necessárias. |
A proposta do IARJ defende uma concepção de educação que forme alunos que pensem, participem, argumentem e criem soluções para problemas sociais, coletivos e corporativos. A avaliação, para ser coerente com esta concepção, deve ser o momento de verificar se esses alunos, de posse de conteúdos e habilidades e, a partir deles, sabem pensar, argumentar, e solucionar problemas reais da sociedade. |